É o caos e o terror, mas fui à BOSH
Bem, já estaria morta se não viesse aqui. Muitas vezes estes últimos tempos tenho pensado em publicar, mas quando a vida corre mal, não se consegue escrever nada em condições.
Hoje vim fazer um breve resumo do que se tem passado na minha vida, assim por alto.
O facto de estar desempregada tem me deixado mal psicologicamente porque sou uma pessoa activa. Então quando não se recebe subsídios a coisa fica agreste . Felizmente consegui arranjar uma espécie de part time para duas semanas, porque eu sou o tipo de pessoa, que faz quando tem de ser mesmo que isso me esgote fisicamente. Voltei a um café, no qual trabalhei há 4 anos, são uma segunda família e foi o meu primeiro emprego a sério. Fui para lá após ter desistido do curso em que ingressei em Coimbra. Um após após voltei para a Universidade e guardei com carinho estas pessoas.
Como o trabalho lá é frenético, comecei a entrar em modo piloto. Sofro de ansiedade e às vezes o stress e a correria fazem com que perca o apetite. Na primeira semana treinei bem e com cabeça, mas alimentação zerinho. uma verdadeira vergonha e na semana a seguir só veio a piorar.
Mas em jeito de resumo...
Semanas antes bati com o carro do meu namorado, empenei a lateral e risquei o carro. Tinha um carro, o meu opel corsa que decidi vender com o intuito de arranjar o do meu namorado, uma vez que acho que não faz sentido ter tantos carros e andar em dois diferentes. Por casualidade, calho-me conseguir fazer umas horas nesse café, e pedi ao meu patrão uma opinião sobre pessoas que fizessem trabalho de pintura e chaparia com preços acessíveis, o qual me disse que havia um rapaz que fazia preços muito acessíveis e que trabalhava bem.
Ora eu andava com uma nota de 500 euros no carro, a qual era para pagar um tratamento dentário e para ir às compras, que foi ficando no porta luvas pois nunca encontrei a dentista. Numa segunda feira consegui falar com o tal rapaz que fazia a chaparia, que me acompanhou a ver o estrago para dar um orçamento... Disse que desempenar a lateral seria 20 euros e não mais que isso e eu disse-lhe então para levar o carro e fazer isso na oficina... Não me lembrava da nota de 500 euros no porta luvas...
Veio me trazer a chave do carro (felizmente). Desempenou a lateral sim senhor. Mas não cobrou nada, o que achei muito estranho. Mas como costumo simpatizar com os clientes, achei que fosse um gesto dele em não cobrar...
Quando sai do trabalho e fui às compras, fui tirar a nota do porta luvas... A qual (misteriosamente desapareceu). Sim porque o dinheiro tem pernas e foge dos donos. É só somar A mas B e temos um culpado, mas não existem provas, o que torna tudo mais difícil.
Expliquei esta situação, porque se passou na semana da prova da Bosh, a qual eu andava empolgada e feliz. A Carla Martinho ia de pacer e ia com a intenção de a acompanhar, mas esta semana foi difícil para mim a nível psicológico. Após este incidente, após ter sido ameaçada pelo sujeito (sim fui ameaçada), ter descoberto que afinal não era de confiança, o meu mundo desabou. Estar sem trabalho, ter vendido o carro com a intenção de ter alguma margem de manobra para poder viver enquanto não arranjava trabalho e ficar sem metade do mesmo fez -me ir abaixo. Se na primeira semana andava sem apetite, na segunda andava ainda pior... Perdi peso sim, perdi algum rendimento. Senti-me cansada, chateada, deprimida mas mesmo assim decidi ir à corrida da Bosh. Disse para mim que não era naquele dia que faria 40 minutos. Disse à Carla quando me apanhou que não ia fazer 40 minutos. Estava esgotada. Física e psicologicamente e por alguns momento durante a prova não pensei em marcas ou tempos, apenas reflecti sobre a vida e sobre o que aconteceu. Dificilmente consigo esquecer isto facilmente... Foi um golpe. Não tanto pelo dinheiro, mas pela maldade das pessoas,porque quando confrontei o rapaz referente ao dinheiro disse-lhe que era o único que tinha, que estava desempregada... Mas infelizmente nada disto o demove de confessar o que fez, para mais decidiu-se no direito de me ameaçar que me partia o focinho e prometeu-me umas facadas e que ainda traria a GNR ( ameaçou a mim e a um senhor que estava no café e me defendeu).
Hoje o post é uma espécie de desabafo, mas é um alerta. Eu sei que confio demais nas pessoas. Após ter tido anorexia a confiança desvaneceu, pois muitas foram as pessoas em quem confiava que fugiram de mim e ainda me destratavam nas costas. Confiar? Em quê? Nem na própria sombra quanto mais. A maldade está presente em cada esquina, em cada pessoa que achamos ser a melhor do mundo... Eu confiei e agora sofro com isso. Estive duas semanas a trabalhar quase como em vão, pois o objectivo era ganhar algum sustento, e não perder... Em duas semanas não recuperei nem metade do que perdi...
A corrida da Bosh, com muita pena não cumpri o que me propus. Na semana do caos, os meus treinos foram todos muito difíceis de fazer.Não fiz com vontade e brio, fiz por fazer com mágoa, e com raiva. Sem energia, sem apetite, sem vontade. Desmotivada. Cheguei a pensar que ia à prova e fazer uma bela "merda", peço desculpa a linguagem, mas não. Não fiz merda, não sofri. Desde o inicio da prova tentei abstrair-me com os animadores, com os meus colegas, com o facto de saber que o meu pai ia experimentar pela primeira vez uma prova. Ri muito. Fisicamente tinha muitas dores, porque a meio da semana decidi fazer um treino desajustado, fiz insanaty e paguei caro, pois fiquei com muitas dores. No domingo da prova senti muitas dores e também decidi não forçar.
Apesar de alguns contratempos (a prova demorou meia hora a sair), comecei bem. Arranquei com um sorriso e terminei com um sorriso. Comecei a 3'45 e garanto que não me faltou pulmões, faltou-me vontade e faltou-me um pouco de bem estar. Não queria puxar, não queria sofrer muito. Queria pensar na vida e nas coisas. Porque estava ali a correr após o azar que me tem perseguido? Quando sai da cama, sabia que não tinha vontade. Não tinha motivação para ir. Mas fui. Porquê? Porque na vida há que saber cair e saber levantar, eu aprendi da pior maneira o que é cair e ter de me levantar de seguida para procurar alguma paz comigo própria.
O meu conselho a vocês que também tem azar na vida. O azar vem em todas as formas e feitios, mas a sorte também e a vossa vida depende dos momentos maus ou bons. Se não fossem os maus acontecimentos que tipo de personalidade teríamos? Por certo não seriamos resistentes à dor, não saberíamos como lidar com a morte, não saberíamos continuar em frente. Se tudo na vida fosse perfeito, seriamos uns meros robots, moldados para viver a vida de determinada maneira, iguais sem individualismo. O que nos molda, o nosso carácter é a capacidade que temos em enfrentar a vida, em poder experienciar desafios, em ser feliz, em gozar a vida e porventura passar maus bocados... Eu já passei por muitos maus bocados, e estar a mencionar tudo teriam uma imagem de mim muito diferente, de uma pessoa revoltada com a vida, mas ao invés disso, prefiro encarar as coisas com um sorriso e ser contagiante... Ter trabalhado no café há uns anos e ficarem felizes pelo meu temporário regresso foi enriquecedor. Pois ainda existe pessoas a quem devemos um sorriso e uma alma cheia.
Sobre a prova:
-fiquei em 6 º lugar no feminino;
-115 no geral
-42 minutos
-ritmo médio 4'16
-RP aos 5 km com 20 minutos
Sorri muito e na meta ainda consegui ser croma e dizer a um animador " Não me apetece correr mais, estou cansada" -isto brincando
Se a vida te empurra para baixo, faz algo por ti, levanta-te, novas oportunidades virão, enquanto elas não vem, sorri aos idiotas que te empurram e vive pois o karma encarrega-se de castigar os idiotas.